O Douro enche-nos a alma e esvazia-nos na sua imensidão de calmaria!
Olhamos à nossa volta e estes vales provocam a nossa imaginação!
E como a minha imaginação é fértil como estas terras eu não perdoo...
As noites de céu escuros de breu contrastam com o negro que invade tudo o que pisamos!
Noites que tornam os nossos sonhos grávidos de sons de grilos e coaxares longínquos!
Manhãs que despertam envoltas em nuvens baixas que vestem tudo o que a nossa vista alcança!
Acordares preguiçosos e desejosos de fantasias!
Quantos vales não andarão por aí a precisar de serem visitados?
Vales intocados pela mão do homem e também pela da própria mulher!
Vales lindos que albergam um molhado que teima em secar por ausência, carência, teimosia, falta de comparência, também por ainda serem inexperientes ou mesmo virgens!
Vales criadores de vidas que estão sedentos de festanças festas e festinhas!
Encostas ora peladas ora de tons de verdes farfalhudos conforme as épocas e as modas!
São ziguezagues molhados de vários tons de azul que roçam nas margens interiores destes vales banhados pelo sol!
Existem até lugares onde o sol nunca chega!
O sol persistente faz gemer as pedras pedregulhos e penedos!
A terra quente suspira por humidade para adoçar as uvas vinhateiras!
Uvas que espremidas irão esguichar sabores embrionários para bocas apreciadoras!
Olhamos para estes montes duros e erectos predispostos a serem tocados, desbravados, conquistados, amados, rejeitados ou simplesmente só usados de passagem!
Socalcos de ouro cheios de vinhas de nectares preciosos que entesam papilas gustativas!
Barcos que serpenteiam por águas livres e com destino ao sal do mar!
Pessoas com vidas duras, tradições seculares e futuros enraizados num rio unidireccional!
Visitar o Douro é parir história que nos construi-o!
Somos fruto destas terras desconhecidas por tantos e amadas por quem as vive...